Pontuação: criando sentidos

Chegamos ao final de mais uma aula. Acesse os links abaixo para ver algumas Curiosiosidades , Exercícios resolvidos e as Referências utilizadas nesta aula.

Até a próxima!


1. O período inteiramente correto quanto à pontuação é:


2. (MACKENZIE)
Não existe função do Estado mais prioritária do que zelar pela segurança dos cidadãos. Hoje, a falta de determinação das autoridades “competentes”, o excesso de justificativas sociológicas e a omissão convertem os brasileiros em animais na fila do matadouro.

(O Estado de S. Paulo)

Considere as seguintes afirmações quanto ao texto. I. O emprego de aspas no termo competentes reforça seu significado literal. II. No segundo período, critica-se o uso frequente de explicações teóricas para problemas concretos. III. A relação entre o primeiro e o segundo períodos é de contradição. Assinale:

a) se todas estão corretas.
b) se apenas II está correta.
c) se apenas III está correta.
d) se apenas I está incorreta.
e) se todas estão incorretas.

Justificativa: O emprego das aspas, em “competentes”, cria um efeito de ironia, pois faz que a palavra signifique exatamente o contrário de seu sentido literal.

3. (FUVEST) “Os meninos de rua que procuram trabalho são repelidos pela população.”

a) Reescreva a frase, alterando-lhe o sentido apenas com o emprego de vírgulas.
Os meninos de rua, que procuram trabalho, são repelidos pela população.

b) Explique a alteração de sentido ocorrida.
Sem as vírgulas, a oração adjetiva “que procuram trabalho” limita, restringe o termo “meninos”. Entende-se, pois, que uma parte dos meninos de rua procura trabalho, e que essa parte é repelida pela população. As vírgulas mudam o sentido da oração adjetiva: ela passa a ser explicativa. Entende-se, assim, que todos os meninos de rua procuram trabalho e são repelidos pela população.

Até o século IV escrita era uma bagunça

Como surgiram os principais sinais de pontuação?

Foi um alívio. Até o século IV os textos eram escritos sem pontuação. "Tinham que ser interpretados", conta o linguista Flávio Di Giorgi, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Não era fácil. No Oráculo de Delfos (século VII a.C.), um dos lug styares da Antiguidade em que se faziam profecias consideradas divinas, ainda está escrito (em grego): "Ides voltarás não morrerás na guerra."

Quem lê entende que irá para a guerra e voltará a salvo. Era o contrário. Na verdade, queria dizer, se as vírgulas existissem: "ides, voltarás não (o "não" vem depois do verbo), morrerás na guerra." Ou seja, vais morrer.

Os primeiros sinais de pontuação surgiram no início do Império Bizantino (330 a 1453). Mas sua função era diferente das atuais. O que hoje é o ponto final servia para separar uma palavra da outra. Os espaço brancos entre palavras só apareceram no século VII, na Europa. Foi quando o ponto passou a finalizar a frase. O ponto de interrogação é uma invenção italiana, do século XIV.

O de exclamação surgiu no século XIV. Os gráficos italianos também inventaram a vírgula e o ponto e vírgula no século XV (este último era usado pelos antigos gregos, muito antes disso, como sinal de interrogação). Os dois pontos surgiram no século XVI. O mais tardio foi a aspa, que surgiu no século XVII. Tudo foi ficando mais claro com o aumento da importância da escrita.

Revista Superinteressante, jun. 1997


A IMPORTÂNCIA DA PONTUAÇÃO

Um homem rico estava muito mal. Pediu papel e pena. Escreveu assim:

Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.

Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava ele a fortuna? Eram quatro concorrentes.

O sobrinho fez a seguinte pontuação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:
Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

O padeiro pediu cópia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.

Assim é a vida. Nós é que colocamos os pontos. E isso faz a diferença.

APOSTILA DO CURSO OBJETIVO. 2º ano. 4º bim. Ensino Médio. 2011.

BEZERRA, Rodrigo. Língua Portuguesa para concursos. 2 ed. rev. atual. São Paulo: Método, 2009. p. 341-66.